Pequena notável
No Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, a vinícola Pizzato mostra cada vez mais potencial para fazer bons vinhos de pequena produção
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POR RICARDO CASTILHO COLABOROU HORST KISSMANN FOTOS TADEU BRUNELLI Quando, no início dos anos 2000, os consumidores e especialistas de vinho degustaram o Pizzato Merlot 1999 não tiveram dúvida de que se tratava de um dos melhores tintos oriundos de nossos parreirais. O reconhecimento dos especialistas e, claro, do consumidor, que passou a ver os vinhos da empresa com olhar especial, foi o divisor de águas que marcou a mudança de filosofia da empresa, que, de vendedora de uvas, passou a produzir o próprio vinho e, melhor, em grande estilo. Comandada pelo patriarca Plínio Pizzato, a vinícola familiar sempre buscou a qualidade aliada a pequenas produções. Hoje, a filosofia continua a mesma, porém, as experimentações com variedades de uvas pouco usuais no país, como a Alicante Bouschet e a Egiodola, agora, também apostam nos espumantes. A história da Pizzato é muito parecida com a de outras casas da Serra Gaúcha. Ela tem início com a chegada de imigrantes italianos, que se instalaram na região e plantaram as primeiras videiras. No caso, a trajetória da empresa se iniciou com a vinda, em 1880, de Antonio Pizzato, originário da região italiana de Vicenza, no Vêneto. Depois dele, o negócio foi tocado pelo filho Giovanni, avô de Plínio Pizzato, que cultiva, além da paixão pelo vinho, o amor pela vitivinicultura. Foi ele o responsável por instalar a empresa – desde o final da década de 1960 – no Vale dos Vinhedos, e por produzir vinhos em escala comercial. Isso ocorreu em 1998, quando, em parceria com os filhos Flavio, Flávia, Jane e Ivo, começou a desenhar e moldar os rótulos da Pizzato. Enquanto Plínio continuava a tomar as decisões sobre os melhores solos e variedades, Ivo e Flavio cuidavam da elaboração dos vinhos, e Flávia e Jane, da comercialização. O negócio que começou pequeno, com a elaboração de 15.000 garrafas do Merlot 1999, cresceu e, hoje, se encontra na casa das 90.000 garrafas ao ano. Na trajetória da empresa, porém, nem tudo é alegria. Em um acidente de carro, há pouco mais de um ano, faleceu Ivo Pizzato, o jovem e promissor enólogo, que moldava vinhos cada vez melhores. Hoje, porém, ao degustarmos as bebidas que estão sendo elaboradas pela empresa, vemos que a família continua com a mesma filosofia trazida da Itália por seu Antonio, que é a de fazer grandes vinhos. A história de tradição continua. Alicante Bouschet Reserva 2004 Não se parece com os Alicantes elaborados no Alentejo, em Portugal, mas tem boa fruta, complexidade e longo final. Pizzato Merlot 2006 Novamente fica claro que a Merlot é a uva com a qual a empresa consegue os melhores resultados. Sua qualidade oscila em algumas safras, mas no geral é um tinto que agrada bastante, com fruta e conjunto elegante. Egiodola Reserva 2005 Produção pequena, de cerca de 3.000 garrafas. Sua acidez é bem balanceada e os taninos presentes, marcantes. Vinho que melhora muito quando acompanha uma refeição. Concentus 2004 Cortes de Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat, que fazem seu casamento durante seis meses em barris de carvalho francês e americano. Vinho encorpado e equilibrado. Pizzato espumante brut Cortes de Chardonnay e Pinot Noir. A bebida agrada pelo frescor, pela boa estrutura e perlage intenso e fino. Grande espumante. |
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